Os riscos dos transgênicos
O uso de defensivos agrícolas é um tema que exige um debate responsável e consciente da sociedade. A busca pela maior produtividade da colheita e a necessidade de alimentar uma população em constante crescimento têm levado ao desenvolvimento de tecnologias que visam aumentar a eficiência da produção agrícola. No entanto, é preciso considerar as consequências dessas práticas para a biodiversidade e para a saúde humana.
O trigo transgênico hb4 é uma das tecnologias que tem gerado controvérsias, especialmente em relação à sua recente liberação e importação no Brasil. O trigo foi modificado para tolerar o agrotóxico glufosinato de amônia, que é altamente tóxico. Além disso, o trigo será utilizado em produtos de consumo massivo, como pães, biscoitos e pizzas.
A liberação viola a lei de biosegurança e o protocolo de Cartagena sobre biodiversidade - pois o mesmo representa um risco para a soberania alimentar, uma vez que o produto é de fácil disseminação e poderá infestar outras áreas próximas. Nesse caso em específico: há ausencia de estudos sobre o desempenho agronômico nos diferentes biomas brasileiros e os riscos ao meio ambiente. O verdadeiro perigo é que a biotecnologia transgênica tem capacidade de se tornar totalitária ou seja substituir o trigo com genética natural.
Ainda que seja possível separar o trigo modificado das outras culturas de trigo, tal cuidado demandaria mais custos para as outras formas de agricultura, o que encareceria o preço dos alimentos para a população. Por isso, é fundamental que a liberação seja revista e que haja um investimento em agricultura sustentável, que respeita a biodiversidade e a saúde das pessoas.
Vale mencionar que até o momento, a promessa de produtividade com menos oferta de água não se cumpriu com a soja e o milho transgênicos e é improvável que seja diferente com o trigo. Tendo em vista que não há nenhum estudo que comprove efetivamente essa ideia como aponta o movimento Slow Food Brasil, refutando o argumento daqueles que defendem a liberação com base na economia de água.
A saúde é um bem inestimável e não pode ser comprometida em nome de interesses econômicos. É preciso que as autoridades competentes ajam em defesa da sociedade e do meio ambiente, cancelando a liberação e investindo em práticas agrícolas que tenham estudos em todos os âmbitos de impacto e que garantam uma boa produtividade - sem perdas em relação a qualidade.
É importante lembrar que o debate responsável sobre o uso de defensivos agrícolas é fundamental para que possamos garantir a segurança alimentar e a preservação do meio ambiente. Nem todos os modificados serão ruins para nós e talvez até mesmo devamos levar em consideração que é uma tecnologia em evolução. O mais importanta é que é preciso que a sociedade esteja informada e consciente sobre as consequências das práticas agrícolas adotadas e que sejam estabelecidos mecanismos efetivos para avaliar os riscos e benefícios dessas tecnologias.
Dessa forma, poderemos garantir um futuro mais seguro e sustentável para todos.
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