O GALPÃO DO MAMA SHELTER

Ao adentrar o grande barracão do Mama Shelter que mais parece um puxadinho bem sofisticado você se sente entrar numa verdadeira quadra de escola. À sua direta você encontrará uma arquibancada e o jogo está no final do salão - dentro da cozinha.

Espaço para refúgio urbano, vindo diretamente de Bourdeaux na França.

Está localizado no bairro Santa Tereza no centro do Rio de Janeiro. Toda a arquitetura do espaço é trabalhada de forma descontraída. O empreendimento é dividido pela rua comum em duas casas, uma destinada para quartos e outra para lazer e gastronomia.

Deste modo é permitido que todos possam descansar enquanto a festa continua, as áreas de lazer são bem similares à de albergues.

Trazendo ping-pong, pinbolim e causando intencionalmente uma maior interação seus hóspedes e clientes. O ambiente é lindo, moderno, divertido e caloroso. Tanto a arquitetura como o serviço são de alto nível sem apelar para a pompa de um hotel 5 estrelas. O staff é bem comunicativo e jovem, ainda sim está lá para cuidar de tudo por você.

Inspirados por arte e música, a proposta do espaço gastrônomico é apresentar a comida da "Mama". Aquela comida que temos uma memória afetiva e sempre um toque de cozinha brasileira. Seja no ingrediente ou em receitas tradicionais.

Provamos o Picadinho {37 reais} que é digno de um PF, mas contextualizado num ambiente cool. Chega a ser irônico como o Chef conhece seu publico gringo que quer saber o que anda nas mesas brasileiras. E o defino assim para gringos porque nós brasileiros não costumamos pagar tudo isso nesse estilo de prato.

Solicitamos o cupim cozido por 12 horas {47 reais} para provar como ingrediente brasileiro, uma carne saborosíssima mal explorada. Deixando todos os pré conceitos, ele é assado e tem um sabor incrível mas a consistência poderia ser um pouco mais macia. O risoto de cogumelos que acompanhava assim como o molho estavam imaculados e davam equilíbrio ao leve seco da carne.

Em todos os Mama Shelter pelo mundo, de Europa à Los Angeles, a pizza aparece. Sabendo a receita internacional de sucesso se reproduz aqui exatamente como promete uma legítima pizza - do sabor da massa, até um molho de verdade de tomates e um queijo de qualidade. Os preços vão de R$42 á R$65 e servem até duas pessoas.

As sobremesas são um capítulo à parte. A mais fiel à experiência foi provar um legítimo doce de abóbora com queijo minas {15 reais}. Lembrando de tudo que isso representa à época açucareira brasileira, que as freiras faziam doce para que assim os insumos durassem mais. Não havia geladeira para refrigerar então essas técnicas eram comuns, se refletindo nas casas da época e na cultura de um modo geral até hoje. O paladar brasileiro é muito tolerante para doces bem doces, bem diferente de outros países que se assustam até mesmo com nossos brigadeiros por levarem esse extremo.

Voltando a falar se sobremesas foi por isso que devemos ter achado o pudim {10 reais} aerado e sem graça, faltava um dedo de leite condensado à mais no seu preparo. Para ficar A cara do brasileiro.

O brownie {22 reales} não errou, servido com boas castanhas e sorvete. Assim como o pavê de brigadeiro {15 golpinhos} que era feito com um chocolate de qualidade, tinha um crocante incrível, enfim PROVEM.

O galpão grunge foi criado tão bem que você se esquece que está até sem ar condicionada e ao finalizar toda essa incrível experiência fomos até o bar localizado próximo à recepção do hotel. Encontramos os símbolos arquitetônicos da marca: os lustres dos ambientes, com chapéus de praia e taças.

Guiados pelo ritmo pulsante do feriado conhecemos esse incrível ponto de gastronomia brasileira e sentimos orgulho de encontrar sendo tão bem representada. Para harmonizar fomos obviamente de caipirinha.